A Comissão Intersetorial de Atenção Integral à Saúde da Criança, do Adolescente e do Jovem, do Conselho Nacional de Saúde, em colaboração com as áreas técnicas da criança, do adolescente e jovem do Ministério da Saúde, considera a 15ª Conferência Nacional de Saúde o momento oportuno para enfrentar as principais causas de morte de crianças, adolescentes e jovens.
Objetivo:congregar esforços para prevenir a mortalidade infantil e mortalidade na adolescência e juventude.
Justificativa: o país precisa avançar na luta contra a mortalidade infantil, ampliar as oportunidades para o desenvolvimento das crianças e impedir que adolescentes e jovens morram precocemente por causa da violência.
Contextualização:a queda acentuada na mortalidade infantil é uma conquista do Sistema Único de Saúde (SUS) e da mobilização da sociedade no Brasil. O país conquistou grande diminuição nas taxas de mortalidade infantil (< 1 ano) e de mortalidade na infância (< 5 anos), e cumpriu o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio número quatro, com três anos de antecedência em relação a 2015. Reduziu em 77% a mortalidade de crianças menores de 5 anos, um dos maiores percentuais do mundo. Esta sob controle a morbi-mortalidade por doenças imunopreveníveis e diarreia, houve diminuição dos índices de desnutrição e melhora crescente nos indicadores de aleitamento materno.
Para avançar na queda da mortalidade infantil, o país precisa melhorar a atenção ao parto e pós parto. O maior número de mortes acontece nas primeiras horas depois do nascimento. Portanto, as ações de prevenção precisam ter como foco o primeiro mês de vida da criança, com assistência especial às crianças prematuras e de baixo peso.
Como gesto concreto no enfrentamento deste desafio, em novembro de 2014 o Conselho Nacional de Saúde aprovou a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC), construída com a liderança do Ministério da Saúde. O propósito desta política é “promover e proteger a saúde da criança e o aleitamento materno, mediante atenção e cuidado integral e integrado, da gestação até os nove anos de vida, com especial atenção na primeira infância e às áreas e populações de maior vulnerabilidade, visando a redução da morbi-mortalidade e contribuir para um ambiente facilitador à vida com condições dignas de existência e pleno desenvolvimento”.
A situação é dramática ao considerarmos que milhares das crianças salvas da mortalidade vão morrer por causas violentas poucos anos mais tarde.
Uma contribuição estratégica para a 15ª Conferência Nacional de Saúde é promover jornadas municipais com a participação dos conselhos de saúde, governos, famílias, com o protagonismo de adolescentes e jovens no enfrentamento desta situação.
Propomos jornadas para atrair a participação de famílias, adolescentes e jovens e uso de metodologias participativas, debates, oficinas, rodas de conversa. As jornadas podem contemplar campanhas educativas, encontros culturais, esportivos e recreativos com o temário da conferência e sua relação com a prevenção da mortalidade infantil, na adolescência e juventude.
Textos de reflexão e apoio para as jornadas municipais
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Parto normal, no tempo certo, é bom para a mãe e o bebê
O bebê que nasce por parto normal é ativo, e tem vontade de mamar o colostro já nas primeiras horas de vida. A mãe sente menos dor depois do parto e se recupera mais rápido. No parto normal, o vínculo entre mãe e filho se estabelece rapidamente.
Infelizmente aumentou o número de cesarianas no país. Em 2010, o percentual de cesarianas superou o de partos normais. As cesáreas chegaram a 52% do total. O ideal recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 15%.
Muitas mulheres, ou seus médicos, fazem a opção pela cesariana quando este parto cirúrgico poderia ser evitado. Em alguns casos, a indicação médica de parto cesariana é uma necessidade. Por isso, é muito importante que, confirmada a gravidez, a gestante inicie o pré-natal e esteja bem informada para, junto com o médico, decidir com segurança qual a melhor forma de parto.
Com o acompanhamento do médico no pré-natal (pelo menos seis consultas), a gestante deve realizar os exames indicados e receber orientação para garantir a sua saúde e a do bebê que vai nascer. Com todos os cuidados e atenção que este período exige, é muito grande a possibilidade de a gestante ter um parto normal ou natural, como alguns preferem dizer.
Se tudo correr bem na gestação, é preciso esperar que a mulher entre em trabalho de parto. De acordo com especialistas, a idade gestacional de menor risco para a criança está entre 39 e 41 semanas. Nascimentos anteriores a esta data – mesmo com 37 ou 38 semanas, ou após 41 semanas, apresentam maior risco de doenças para o bebê. Indução de parto ou cesariana antes de 39 semanas não devem ser realizadas, a não ser que o risco para o recém-nascido ou a mãe seja muito elevado – como sofrimento fetal, sangramento, eclâmpsia.
Novas pesquisas mostram que o período de gestação e os dois primeiros anos de vida da criança (os primeiros 1.000 dias) são decisivos para determinar o aparecimento de doenças crônicas na idade adulta. Doenças como diabete, hipertensão, osteoporose e doenças coronarianas estão relacionadas com o baixo peso (abaixo de 2,5 kg) da criança ao nascer.
Por isso, gestantes devem buscar uma vida saudável. E quando o bebê nascer amamentar no peito. O aleitamento materno funciona como uma vacina para evitar as doenças.
Questões para debate:
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Como os serviço de saúde cuidam da gestantes no seu município?
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Quais as situações que mais colocam em perigo a gestante e os bebê?
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Como são encaminhadas as gestantes que precisam de acompanhamento especializado?
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Que propostas podem melhorar o cuidado com as gestantes?
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Enfrentar a violência que mata milhares de jovens
Segundo o Mapa da Violência 2014 (http://www.mapadaviolencia.org.br), no ano de 2012 o País contava com 52,2 milhões de jovens na faixa dos 15 aos 29 anos de idade. A mortalidade violenta que é a soma de homicídios, suicídios e acidentes atinge em cheio esta faixa etária. Os jovens negros são o que mais sofrem com esta violência. Nos acidentes de transporte o maior número de vítimas de jovens a acontece com motociclistas.
O Mapa da Violência descreve que há uma aumento recente no número nos homicídios a partir dos 13 anos de idade: as taxas pulam de 4,2 homicídios por 100 mil para 75,0 na idade de 21 anos. A partir desse ponto, tem um progressivo declínio. Nessa faixa jovem são taxas de homicídio que nem países em conflito armado conseguem alcançar.
Por último, surpreende a elevação significativa dos índices de suicídio a partir dos 17 ou 18 anos de idade, com taxas bem acima da média nacional, em torno de 5 suicídios cada 100 mil habitantes. Encontre os dados de seu município nas tabelas disponíveis na pagina do Mapa da Violência. Entre os anos 1980 e 2012, morreram no país:
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1.202.245 pessoas vítimas de homicídio.
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1.041.335 vítimas de acidentes de transporte.
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216.211 suicidaram
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As três causas somadas totalizam 2.459.791 vítimas
A violência no trânsito é segunda causa das mortes de jovens. Dentre estas mortes destacam-se os acidentes envolvendo motocicletas. Milhares de jovens usam motocicletas para trabalhar, ou para chegar ao trabalho ou como ferramenta de trabalho. A partir desta constatação, esses acidentes precisam ser vistos também sob a ótica de acidente de trabalho e que devem ser prevenidos. É imprescindível que o Estado normatize esse trabalho, e que o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) fiscalize tais acidentes, assim como o SUS e o Ministério Publico tenha uma atuação eficaz diante dos números alarmantes.
Além do sofrimento pessoal e familiar, o custo econômico envolvido nestes acidentes soma milhões de Reais.
Os homicídios afetam especialmente jovens negros e pobres. Precisam ser enfrentados com questão de segurança nacional e de saúde pública. O Plano Federal Juventude Viva reúne 11 ministérios de governo, e atua de forma coordenada, por meio de pactuação com o poder público e a sociedade civil local, nos 142 municípios brasileiros que concentraram, em 2011, 70% dos homicídios contra jovens negros.
Existem instrumentos a disposição para a ação contínua e permanente de atenção integral à criança e ao adolescente e suas famílias em situação de violência. Um destes instrumentos é o documento “Linha de Cuidado para a Atenção Integral à Saúde de Crianças, Adolescentes e suas Famílias em Situação de Violência ”, publicado pelo Ministério da Saúde.
Questões para debate:
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Quais os tipos de violência levam a morte os adolescentes e jovens no seu município?
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Em quais locais da cidade (endereços) os casos de violência acontecem com mais frequência?
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Que iniciativas ou campanhas são realizadas para evitar as mortes por violência?
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Que propostas podem diminuir as mortes por violência?